”I like too many things and get all
confused and hung-up running from one falling star to another till i drop. This
is the night, what it does to you. I had nothing to offer anybody except my own
confusion.” Jack Kerouac


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

príncipes e princesas (des) encantados?


A perigosa linha entre ser exagerado ou contar os fatos realmente gritantes é muito tênue. Vamos ao conto, ops ao ponto rs. 
Acreditando que o ser humano é um animal social, logo acreditando que ele sente prazer em estar na presença do outro, acredito que ter um amor é algo que quase todos queremos! Ter um alguém para dividir a casquinha de sorvete, usar a escova de dente emprestada, abraçar forte nos momentos difíceis, ter um alguém que sorria de algo que só vocês entendem porque foi dito no momento que só vocês estavam... todos queremos um mão pra dar, pra entrelaçar os dedos no mundo material visto que as almas já estão enroscadas... Todos queremos um amor que nos faça suspirar e rir a toa, que nos dê vontade de acordar comprar flores, comer fruta, ajudar ao próximo... Quase todo mundo ao deitar no escuro do quarto sozinho tem vontade de materializar ao seu lado um grande amor para que este afague carinhosamente os cabelos, nos  encha de beijos, e diga eu te amo quase como respira... Negar essa vontade é negar nossa própria biologia, nossa história... 
Não sou nenhuma santa, muitas das criticas que aqui vou fazer cabem a mim mesma, em experiências que tive na vida.  Acho que nossa geração tem exaltado a separação, a independência do outro mas não como forma de autonomia em suas escolhas, mas como negação do outro no seu caminhar. Por exemplo. gosto de funk, tenho alguns no meu computador, porém alguns são muito difíceis de ouvir sem ficar contrariada. No geral as letras acabam por vangloriar o homem que da um pente e rala. Traduzindo: o lance é dormir com a pessoa e depois você some! Aí, num feminismo espinhudo como um baiacu, mulheres impostam a voz e dão uma contra resposta fazendo letras onde dizem que o lance eh o lanchinho da madrugada dá um pente e rala! Ou seja, homens e mulheres atualmente tem se vangloriado de dar um pente e rala! Nesses encontros ainda que furtivos, visto que um pente e rala deve ser rapidinho, o amor, esse sentimento difícil de ser metabolizado por nossas mentes frias e racionais, as vezes esse danado em poucos minutos se instaura e ai ferrou! No meio do pente e rala, um dos dois acaba por ser flechado pelo cupido chapado (sim o cupido tem direito de beber e fumar, afinal não é fácil cuidar do amor hoje em dia!), só um dos dois, porque é praticamente improvável que num pente e rala os dois se apaixonem ao mesmo tempo (Freud, 2005) rs! Ai o pobre coitado apaixonado, se vê numa situação ridícula, porque se apaixonar atualmente ganhou status de otário e aí pra esquecer a porra do coração que bate no seu peito, bebe paracaraio, sai pra noite, beija pedestres aleatórios e volta pra casa mais esvaziado que uma bola murcha! 
O amor não correspondido após um pente rala acaba por gerar mais pentes e ralas, e nessa ralação toda os corações vão sendo esmagados igual tomate no asfalto!
Sei lá, acho que as pessoas tem medo de se conhecer, de se entregar, de se permitir. Será que em encontros onde sem ao menos conversar, trocar nomes, saber que livro o outro mais gostou, se ele gosta de comer pipoca vendo dr house, será que sem um mínimo de diálogo, um beijo quente preenche tudo? Será que encontros recorrentes dessa forma constroem algo?
Não estou dando uma de puritana, repito, só estou refletindo um pouco sobre o que vejo acontecer...
Incapazes de dialogar com que beijamos e dormimos, imaginamos um amor perfeito, um alguém foda diferente de todo mundo que a gente conhece em nossos circulos sociais! Praticamente um etê de saturno ou então alguém que via nascer e ser criado numa bolha aos nossos moldes e gostos!
Já diz o o nosso estimado professor Carlos Walter: quanto desperdício de experiência humana...
Já nos olhamos nos julgando, ih aquela  mulher tem piercing, vix aquela ali dança igual uma louca, nossa aquele cara usa um óculos muito estranho, ai ela trabalha e têm pouco dinheiro, hum ele não tem carro... E aí no meio dessa babaquice sem fim, pessoas deixam de REALMENTE se conhecer... mesmo que para algo menos que um grande amor, mas uma amizade, as pessoas criam muros ao seu redor e acabam por passar umas pelas outras sem ao menos se tocar... tocar algo que as mãos não conhecem, o que a boca não beija...
E então amigos, vamos ficar esperando o príncipe e a princesa encantados até quando? Me parecem muito sem graças e desencantados esses seres ideais... Aliás, não acredito que eles existam! Beber para enxergar mais bonitos os outros e a si mesmo até funciona por um tempo, mas chega uma hora que a alma pede mais, pede aquilo que só um amor daqueles sabe dar!
O que vocês querem com o amor?
BEIJOS!



3 comentários:

  1. Adorei o texto, dona Naetê!

    Me lembro um pouco a música Blues da piedade, do Cazuza.

    "Pras pessoas de alma bem pequena
    Remoendo pequenos problemas
    Querendo sempre aquilo que não têm

    Pra quem vê a luz
    Mas não ilumina suas minicertezas
    Vive contando dinheiro
    E não muda quando é lua cheia

    Pra quem não sabe amar
    Fica esperando
    Alguém que caiba no seu sonho"

    Um brinde ao amor! Que não é fácil, como todas as coisas que valem a pena nessa vida.

    Beijinhos!

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  2. POrra, muito bom esse texto!
    A gente acaba ficando refém das coisas rápidas e fugazes, tudo é imediato e fácil de conseguir, mas tb não leva a nada depois que acaba...
    Sem puritanismos tb, as vezes tudo isso é divertido. Mas é muito, digamos, estranho.
    Cada dia mais o ser humano se distancia, mesmo estando tão próximo. Expomos nossa intimidade a todos via redes sociais, mas na hora de compartilhar ela a dois é cada vez mais complicado...
    MAs ainda é possível ser feliz. É só ter paciencia nessa vida corrida! heheh
    beijos!

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  3. Engraçado Rita que ao escrever o texto eu pensei em algumas pessoas que viveram ao máximo mas que colocavam uma certa angústia nessa falta de troca, de entrega. pensei em Cazuza, Renato Russo!! Até as letras de música atuais acabam por revelar um certo olhar pro mundo, não só no funk, sertanejo, pop também... Mas o amor em todos os mundos acaba por aflorar! =)

    Vinícius que bom que você voltou! Quero ver textos novos no seu blog! Então, acho que nada substitui o conhecer de verdade alguém! Não só por redes sociais, mas com curiosidade e amor pela história do outro! Ter 600 amigos no orkut e no facebook não signfica amizade né...Mais uma ves se confunde quantidade com qualidade! Mas assim como você eu acredito que seja possível sim ser feliz! Vou colocar um galho nas engrenagens do sistema e diminuir a velocidade imposta! Assim teremos tempo de conhecer quem vive no mesmo mundo que a gente rs! beijos!

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Todo dia, quando acordo, vou correndo tirar poeira da palavra amor" (Clarice Lispector)

"Nem se eu bebesse todo o mar, encheria o que eu tenho de fundo." Djavan



Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, Depende de quando e como você me vê passar. [ Clarice Lispector ]